Bem vindos ao Blog Psicologia aos 50. Uma homenagem aos 50 anos da Psicologia no Brasil, à minha amada mãe e, porque não, à realização dos nossos sonhos!

Vidro de azeitonas


Será que a primeira impressão que temos sobre alguém é sempre, realmente, a que fica? Temos a tendência a formular teorias sobre como é ou deixa de ser qualquer um que acabamos de conhecer, baseados em nossos estereótipos¹. Rotulamos sem cerimônia tudo e todos à nossa volta.
- E isto é negativo ou positivo?
- Depende...
E depende não apenas se a sua avaliação foi positiva ou negativa, mas também de como você vai reagir a ela. Explico: Ter uma opinião inicial sobre alguém é aceitável e até mesmo necessário, afinal nós somos frutos de tudo o que vivemos até hoje e, conforme vamos vivendo, vamos internalizando as nossas experiências e formando conceitos para utilizá-los quando precisamos, em situações futuras...
O que eu julgo negativo na rotulação é a cristalização destes rótulos.

Os seres humanos não são vidros de azeitonas expostos na prateleira do supermercado.
A pessoa equilibrada e coerente deve refletir sobre essa avaliação inicial, não se prendendo ao rótulo.
Acontece que, muitas vezes, nós apenas nos utilizamos da convivência com as pessoas para reafirmar aquela primeira impressão: desprezamos comportamentos que não se adequem a ela ou então deturpamos o modo como as vemos (não conscientemente, claro!). Se julgamos uma pessoa “burra”, por exemplo, ela pode dizer 1522 frases inteligentes, na 1523ª ela dá uma “escorregada” e a gente diz:
- Tinha que ser fulano... Burro como é!
E ainda me ocorre mais um “probleminha” sobre a rotulação das pessoas: ninguém é uma coisa só. Não importa o que está escrito no rótulo que você, ou que eu mesma, me coloquei...
Hoje eu estou me sentindo como um vidro de azeitonas, amanhã posso ser milho verde, ou um queijo frescal, arroz, feijão ou iogurt rs... Nunca conheci ninguém que fosse, sentisse e agisse sempre igual o tempo todo (até o momento pelo menos).
A gente tenta manter uma coerência, um equilíbrio. Acontece que a  rigidez de pensamento, também faz mal...
Ser “normal” o tempo todo eu acho “anormal”. J
Já lidei com muitas pessoas com problemas mentais, desnorteadas e até mesmo agressivas. Mas será que podemos reduzi-las a isso?
Bem que eu gostaria de afirmar com toda a certeza do mundo que eu sou sempre boa, inteligente, amável, carinhosa, caridosa (enfim um ser perfeito ;-) o tempo todo...
Vivemos na ilusão de sabermos como o outro é. Do que nós somos...
É sempre mais fácil nos defendermos do que achamos que conhecemos. Julgar uma pessoa pelo grupo ao qual pertence, pela cor da sua pele, pela sua orientação sexual, peso  ou por determinado comportamento estereotipado é mais fácil do que tentar conhecer o ser humano que está por detrás.
E nós, que estamos estudando psicologia, caímos em uma armadilha muito perigosa: a do pseudo-diagnóstico. Todos (inclusive eu) “carregam” alguma patologia que a gente acabou de ver na sala de aula, ou ler num livro...
E isso nem é tão difícil quanto parece, já que estamos convivendo entre estudantes de psicologia e, uma certeza eu tenho: Todo estudante de psicologia é “maluco”. Ou será que não?
 Ah! Sei lá! Afinal, como eu costumo dizer:
- Certeza absoluta eu só tenho de que vou morrer um dia. Portanto...
Vou dormir...

¹ Percepção ou concepção relativamente rígida e esquemática de um aspecto da realidade, especialmente de grupos ou pessoas.
(Dicionário Técnico de Psicologia – Álvaro Cabral e Eva Nick, p. 114)

4 comentários:

  1. Gostei!
    Somos o que fazemos e também o que não fazemos... somos nossos sonhos, nossas fantasias, o que vivemos na vida não existida em vida, mas intuida, percebida, sentida... somos perfeitos seres imperfeitos!!!
    E é muito bom ser tudo isto, porque ser uma pessoa completamente previsivel, compreensível, aceitável o tempo todo seria chato demais!

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